quarta-feira, 27 de julho de 2011

AS SETE PALAVRAS DA CRUZ - Primeira Palavra

Estando Jesus Cristo dependurado na cruz, citou sete palavras, ou frases, as quais são conhecidas no meio evangélico como AS SETE PALAVRAS DA CRUZ. Cristo não fala aleatoriamente ou apenas por falar.

Em cada expressão há um fundamento, em cada palavra um significado. Vamos meditar por alguns momentos sobre estas sete frases da cruz, conhecer a sua verdade, para crescimento espiritual da Igreja edificada no Corpo de Cristo, pelo socorro do Espírito Santo de Deus.

PRIMEIRA PALAVRA
UM BRADO DE PERDÃO

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Jesus Cristo suportara todo o flagelo dos citados julgamentos e os sinais profundos marcavam seu corpo puro: cortes das chibatadas, equimoses das pancadas, hemorragias da coroa de espinhos, além do sono, fome e sede.

Restava ainda alguma força ao condenado para carregar a cruz e caminhar sob o seu peso. E Jesus a carregou, por vezes ajudado: suas resistências já eram poucas. Mas muito ainda faltava. O tempo passava.

É chegado, então, o grande, o terrível momento. É preciso enfrentá-lo. É o fim da voluntária missão! Deitam o Senhor, estendem-lhe os braços sobre a cruz e as marteladas certeiras dos carrascos fazem penetrar, segundo os estudiosos, nos punhos, os longos cravos, habilmente introduzidos por quem rotineiramente cumpria esta missão.

Logo após levantam o réu. Põem-no de pé com o patíbulo, a componente horizontal da cruz já fixada aos braços estendidos do Senhor. Tiram-lhe a roupa (e repartindo os seus vestidos - Lucas 23:34) tomam duas hastes e içam o seu corpo traumatizado, encaixando o patíbulo ao tronco, componente vertical da cruz, ali já fixo.

Tudo está pronto! E os escárnios dos assistentes não cessam. Cada vez são mais contundentes, a nível de chacotas. Lá está o Senhor. Pendurado por três longos cravos que faziam verter um pouco de sangue.

O grande capítulo, inapagável da História humana, vai-se desenrolar. De súbito, todos ficam em silêncio. O moribundo parece que vai falar. Que dirá ele? Todos se entreolham e definitivamente, fixam o seu olhar para o alto da cruz.

Faz-se silêncio. E do alto do Calvário emerge a mais incompreensível mensagem, descabida, ilógica, inadmissível. Era a Primeira Palavra da Cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!...”
Como entender tal expressão?! Poucos a entendem.

Como interceder perdão aos que lhe provocaram tanto sofrimento?! Como perdoar depois de tanta angústia moral? Como perdoar depois de tanta agonia física? Depois de tanta fome e sede?
Mas a Primeira Palavra da Cruz era maior que todo o sofrimento, que toda a asfixia… “Pai, perdoa-lhes…” Esta é a primeira das sete últimas palavras que Jesus proferiu na cruz do Calvário.

Imaginemos a cena: três cruzes se projectam no horizonte. No meio está o Senhor Jesus. Do lado direito, um malfeitor e do esquerdo outro malfeitor. Jesus morreu como sempre viveu. Veio a este mundo para buscar os pecadores. Viveu entre eles para os poder alcançar, os perdoar e os transformar.

E quando chegou a hora de morrer, morreu crucificado entre eles.
Com todo o poder para transformar o universo em minúsculas partículas, ou fazer desaparecer tudo repentinamente, não pediu vingança ao Pai, pediu que lhes perdoassem, deixando em si mesmo, o maior exemplo de bondade e humildade, porque SUBLIME É O PERDÃO.

Eis um dos maiores desafios da Vida Cristã: o perdão. O ser humano diviniza-se quando perdoa. Supera suas limitações terrenas. Seu espírito se eleva para se capacitar ao perdão. Eis porque é quase impossível ao ser humano perdoar. Não é da sua natureza. É difícil e para muitos até impossível. O rancor é maior que o perdão. A natureza humana do Velho Homem é mais forte que a natureza divina do Novo Homem, como regra.

Mas o desafio está lançado. Lançado lá de cima do Calvário, através da Primeira Palavra da Cruz. O perdão, que descia, naquele momento, do altar da teoria ao chão da realização prática. Perdão a inimigos. Perdão a assassinos. Perdão a escarnecedores. Perdão que até argumentava junto a Deus pelos criminosos: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.

Em Seu primeiro brado na cruz, na hora da morte, Jesus chamou Deus de “Pai”, quando era tratado injustamente. Quando a multidão chegou ao lugar chamado “Caveira” (Lucas 23:34), a cruz foi deitada ao chão, e Ele foi posto sobre ela. Foi nesse momento que começou a oração: “Pai, perdoa-lhes…” (Lucas 23:34).

Ele tinha uma coroa de espinhos furando o seu rosto, mas isso não O impedia de ver o amor de seu Pai. Suas mãos estavam pregadas numa cruz, não podiam curar pessoas, mas Ele podia orar. Seus pés não podiam mais andar para alcançar o pecador. Mas isso não O impedia de orar.

Pensemos agora num outro aspecto do texto bíblico. Na hora da agonia Jesus clama a Seu Pai, mas não o faz pedindo ajuda. Sua primeira palavra podia ter sido: “Pai, tira-me daqui, liberta-me, acalma a minha dor. Mas na hora da agonia Jesus não ora por Ele, ora pelos outros. E não é por Seus amigos ou Seus familiares.

Orou pelos Seus inimigos, por aqueles que O esbofetearam, por aqueles que pregaram Suas mãos e pés, por aquele que cuspiu em Seu rosto, por aquele que colocou a coroa de espinhos em Sua fronte.

Jesus ora pelos Seus inimigos e pede que Deus lhes perdoe.
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Eles ignoravam o delito que estavam cometendo? É lógico que não! Judas sabia que havia traído o Amigo. Pilatos sabia que havia condenado um homem inocente.

O Sinédrio sabia que havia subornado testemunhas falsas para sustentar as acusações. Nenhum deles ignorava os crimes dos quais eram culpados, mas ignoravam a monstruosidade de seus crimes. Por alguma razão, não sabiam que estavam crucificando o Filho de Deus.

Por incrível que pareça, Pedro acreditava que todos eles ignoravam a total extensão da sua culpa. Vejamos a sua pregação: “E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas… e agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes” (Actos 3:15, 17). Por causa de seu sermão, cerca de duas mil pessoas aceitaram a Jesus como o Messias.

Devemos somar esse número aos três mil que responderam à mensagem no dia de Pentecostes, que perfazem cinco mil pessoas (Actos 4:4). Será que Deus perdoou essas pessoas sem que tivessem pedido perdão? Não! A oração não foi feita a favor dos que não queria ser perdoados, mas dos que buscaram o perdão.

Jesus disse: “Mas a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem, bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses.

Ama, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, sem nada esperardes, será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6:27-29).

O Senhor sonda os nossos corações, Ele sabe perfeitamente que prostrar-se diante do Pai e rogar-lhe o perdão, é algo relativamente fácil. Mas tirar a mágoa do coração, perdoar e não se lembrar mais, já não é tão simples assim. Por isso Ele, condicionou: se perdoarmos aos homens as suas ofensas, receberemos o perdão do Pai, porém, se não perdoarmos também não seremos perdoados.

No primeiro brado da cruz ecoa a única palavra sem a qual não podemos ser salvos: perdão. Tanto naquela época como agora, ele é livremente concedido aos que o recebem humildemente. Afortunadamente, a morte de Jesus fez que a resposta a essa oração se tornasse uma realidade

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